Nosso país vive uma situação grave. Ameaça ruir seu principal pilar de soberania: a capacidade de geração de conhecimento e inovação.
O orçamento para 2020, aprovado por este governo para as áreas de Educação, Ciência e Tecnologia, sofreu drásticos cortes. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoas de Nível Superior (CAPES), perdeu quase metade dos recursos. Ligada ao Ministério da Educação e responsável por financiar pesquisas, dos níveis básicos a pós-graduação, a CAPES está deficitária e cortou mais de 6 mil bolsas somente este ano.
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), responsável por fomentar a pesquisa científica no país, já soma um déficit de R$ 330 milhões em 2019 e anunciou que 11 mil projetos e mais de 80 mil bolsas de pesquisa em andamento podem simplesmente parar a partir deste mês.
Sim, o país vai entrar em colapso. Porque parar a Ciência impacta diretamente na retomada do crescimento econômico. O mundo nos observa. Os cortes também prejudicam cooperações internacionais e universidades estão receosas em dar seguimento a trabalhos conjuntos de pesquisas com o Brasil.
A quem interessa o desmonte da Ciência? Bem disse Darcy Ribeiro, a crise na ciência e educação é um projeto. Impedir o conhecimento, a reflexão, a crítica abre um espaço a ser preenchido com novos valores.
Ora, mas quem é capaz de menosprezar a produção do conhecimento científico, fundamental, por exemplo, para o fortalecimento do SUS? O desenvolvimento de vacinas, fármacos, as pesquisas sobre saúde do idoso e inteligência artificial são vitais para os desafios de um futuro que já está aí. Como não priorizar a vida?
É urgente para o governo rever essas medidas de tão graves consequências. Também o Legislativo e o Judiciário, que são o contrapeso neste Estado Democrático de Direito, precisam agir e a sociedade deve estar mobilizada.
Em Setembro, comemoramos a nossa independência, haverá motivo se a maior riqueza que possuímos parar? O conhecimento é que nos faz independentes. Parafraseando Gonçalo Vecina e Dráuzio Varella, sem a ciência é a barbárie.
Por: Odorico Monteiro