Câmara de Inovação recebe startup que estuda uso da cannabis para fins terapêuticos
15 de setembro de 2022
Na quinta-feira (04/08/22), a Câmara de Inovação, Produção e Empreendedorismo da Fiocruz Ceará recebeu Hidário Matos, psicólogo e fundador da startup Mãe Plantinha, iniciativa focada na saúde das relações humanas por meio do uso da cannabis medicinal.
Fruto dos avanços que o Brasil vem desempenhando no setor da cannabis medicinal, Hidário conta que a startup surge para servir, acolher, orientar e facilitar o acesso das pessoas aos benefícios terapêuticos da cannabis. “Acreditamos que a regulamentação é uma necessidade social, econômica, biológica, ambiental e cultural. Buscamos fortalecer essa causa e nessa união, vamos construir um novo paradigma da política de drogas no Brasil”, acrescentou Hidário.
O pesquisador e investidor da erva medicinal falou também que durante a fase atual, a empresa atua como uma produtora cultural no segmento canábico. Com maior atuação na área da educação, “funcionamos como uma plataforma de conteúdos nas redes sociais e em nosso site, ofertando produtos temáticos, criando e desenvolvendo projetos e soluções pedagógicas. Nós usamos desta metodologia para agregar, por isso estamos ancorados na cultura medicinal e ritualística”, completou.
Atualmente, a Mãe Plantinha já possui vários projetos em andamento, é nesse contexto que nasce o cordel, “Mãe Plantinha: A Canábis Medicinal em Cordel”, com o objetivo de fortalecer essa rede e promover o ensino e conhecimento e a leitura e aprendizagem pelo público em geral. “Unir a temática da cannabis medicinal com a literatura de cordel, enquanto ferramenta didática, surge como uma luva, um belo meio de se abordar com arte, leveza e criatividade esse tema tão complexo e de compreensões deturpadas ao longo do tempo”, diz Hidário.
O coordenador da Câmara de Inovação, Odorico Monteiro, afirma que “esse é um tema extremamente importante para a saúde pública. O fato do princípio ativo poder ser aplicado em diversos casos torna-o imprescindível. Dificultar a liberação da erva medicinal é caminhar na contramão da história”.
Diferente de outros países, por exemplo o Uruguai, a legalização da cannabis está em um limbo jurídico no Brasil, inclusive para fins medicinais. Ainda em análise pela Câmara dos Deputados, juntamente a outros 5 projetos, há o PL 399/2015, uma proposta ampla de regulamentação, que vai do cultivo da cannabis, tanto para extração de CBD como de THC e outros canabinóides, à fabricação e comercialização de produtos, com uma série de exigências para garantir qualidade, eficácia e segurança aos processos e aos resultados finais. O PL também autoriza a pesquisa científica da cannabis de um modo geral e regulamenta o plantio para uso industrial.
No Brasil, 19 medicamentos produzidos a partir da maconha e derivados estão autorizados para comercialização em balcões de farmácias ou por guias de importação. No Ceará, 24 famílias já obtiveram habeas corpus, um instrumento jurídico preventivo que garante a liberdade da entidade e seus associados o uso da planta, autorizados pela justiça e pela Anvisa. Usuários do óleo para tratamento de doenças, prescrito por médico, também podem pedir um habeas corpus preventivo, caso já cultivem a erva.
O THC, como é conhecida a molécula mais psicoativa da cannabis, atua como relaxante muscular e anti-inflamatório. Dentre os benefícios, produz efeito anticonvulsivo, anti-inflamatório, antidepressivo e anti-hipertensivo. Além de ser usado também como analgésico e no tratamento para aumentar o apetite.
Fiocruz e a Cannabis Medicinal
Atualmente, o estudo da planta medicinal está no plano de projetos de pesquisas da Fiocruz. A proposta prevê um conjunto de atividades, que vão desde análises de formas de cultivo da planta, metodologia para extração de substâncias ativas, testes clínicos e controle de qualidade até desenvolvimento do medicamento.
Nessa perspectiva, há o Fio-cannabis, projeto que discute a viabilidade e formatação de uma ampla pesquisa científica com intuito de provar a eficácia e segurança e eventualmente fabricar um fitomedicamento de cannabis para alívio da epilepsia refratária.
A Anvisa aprovou ainda a autorização sanitária para um novo produto à base de cannabis com a participação da Fiocruz, produzido pela empresa Prati, Donaduzzi e Cia. O preparado foi denominado Canabidiol Farmanguinhos 200 mg/ml.
O produto tem administração por via oral e é composto de 200 mg/ml de CBD e de até 0,2% de tetra-hidrocanabinol (THC), o principal componente psicoativo da planta, indicado para o controle de epilepsia em crianças e adolescentes.
O pedido foi feito pela Fiocruz em março de 2021 e a análise levou 35 dias no total. A autorização é apenas o primeiro passo nos planos de pesquisa da Fiocruz com a Cannabis medicinal, que tem interesse em ser uma fornecedora de Canabidiol para o Sistema Único de Saúde (SUS).
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